Princess nails: uma trend inofensiva... ou talvez não! 17# news:)
Princess nails: a nova trend "ridícula" com nome bonitinho na Internet.
Já ouviram falar sobre princess nails?
Aquelas unhas bonitinhas clarinhas ovais e minimalistas. Parece uma coisa lindinha e normal né?
Mas não! Essas unhas são de gente conservadora.
Mas calma! Não entenda mal, eu também amo fazer unhas assim, mas vamos voltar para o século XX (20).
Unhas no século XX
O conceito das unhas bem cuidadas, na estética de Princess Nails; unhas bem cuidadas, simples e descretas começaram a ganhar força. A esmaltação não era tão personalizada e profissional como hoje em dia, as mulheres optavam por unhas naturais, polidas, ou com um toque leve de rosa transparente. As unhas vermelhas surgiram, mas a discrição ainda era valorizada em muitos círculos.
Com a popularização dos esmaltes, as cores claras e rosadas se tornaram tendência na moda. Ícones de estilo e figuras da realeza usavam muito, como Rainha Elizabeth II (que supostamente só usava uma marca de esmaltes específicos, a Ballet Slippers da Essie, um nude rosado quase transparente) ajudaram a cimentar a ideia de que a elegância se manifestava através das sutilezas das unhas. Esse período é crucial para a base da estética das “Princess Nails”.
No século XX, especialmente em meados, a estética “Princess Nails” não era só uma imagem de realeza e elegância mas também era símbolo de conservadorismo. Por causa da…
Estética da “Mulher Tradicional”
Historicamente, em muitos segmentos da sociedade, unhas curtas, limpas, e com esmaltes discretos eram a norma para a “mulher de família” ou para aquelas que desempenham papéis mais domésticos e “recatados”. O uso de cores vibrantes, unhas longas ou nail arts extravagantes podia ser visto até como excessivo, vulgar ou até inadequado para a imagem da mulher que se dedicava ao lar e seguia as regras da felicidade da época. A ideia de que a mulher “pura” não precisava de muitos artifícios para ser bonita, valorizando o “natural” (mesmo com esmalte), constratava com a “exibição” que outras tendências poderiam representar. Essa discrição nas unhas se alinhava a uma imagem de recato e contenção, elementos centrais dos ideais conservadores da femilidade.
Mas… porque a femilidade é tão errado?
Não entenda mal, não é a femilidade de ser uma menina fofa e feminina que nos estamos falando, mas sim dos padrões abusivos da femilidade.
Estamos falando dos padrões da femilidade de antigamente, que eram obrigatórios que as mulheres teriam que ser delicadas o tempo INTEIRO, não terem direitos, só terem que limpar a casa e cuidar dos filhos. Sem contar que eram obrigadas a hora inteira — e sim, por mais assustador que pareça isso era ser uma mulher provedora, humilde e obediente aos padrões —. Tudo bem ser feminina ao sentido de usar rosa claro, ser mais “clean” e mais fofa, mas isso não tira o fato de que você pode ser quem você quiser.
E as Princess nails? Seguem até hoje com seu charme de 'luxo silencioso', são inegavelmente elegantes. Mas ao desvendarmos suas camadas históricas, percebemos que a beleza também é um campo de debates e de evolução. Não se trata de abandonar uma estética que nos agrada, mas sim de usá-la com um olhar mais crítico e empoderado. Que a nossa feminilidade seja expressa em toda a sua pluralidade, do mais sutil esmalte nude à nail art mais ousada. O verdadeiro poder está em redefinir o que é 'feminino' em nossos próprios termos, e não nos termos que o passado tentou nos impor.
Então, da próxima vez que você se encantar com a beleza das Princess nails, ou com qualquer outra tendência, lembre-se: a moda raramente é apenas um detalhe. Ela carrega história, valores e, por muitas vezes, ecos de ideais que já nos limitaram. O convite é para usarmos oque nos agrada, oque faz nos sentir bem e poderosa com consigo mesmas! Mas sempre com a consiencia de que a nossa beleza é uma escola nossa, livre de amarras do passado. Que as nossas unhas sejam descretas e vibrantes, sejam sempre uma expressão autêntica de quem somos e de quem queremos ser, sem nos encaixar em tantos moldes.
“A moda não é algo que existe apenas nos vestidos. A moda está no céu, na rua, a moda tem a ver com ideias, com a forma como vivemos, com oque está a acontecer.”
— Coco Chanel